17/09/2009
Droga incendeia prisões
É uma nova arma usada pelos reclusos para escapar à fúria de outros prisioneiros – com quem têm dívidas de droga – forçando uma transferência de cadeia. Os incêndios têm-se sucedido nas últimas semanas dentro das prisões e o saldo de feridos já vai em sete vítimas. Os guardas temem consequências dramáticas.
Com o ambiente conturbado que se tem vivido no sistema prisional, os reclusos encontraram mais um expediente para desestabilizar o dia-a-dia dos estabelecimentos. Aproveitam os períodos nocturnos – quando há menos guardas prisionais de serviço – e lançam o fogo aos colchões, colocando em perigo as suas vidas e as da restante população prisional. Os motivos são quase sempre os mesmos: provocar uma mudança de cela para fugir às dívidas acumuladas com a compra de droga, ou forçar uma transferência de estabelecimento não autorizada.
Segundo dados da Direcção--Geral dos Serviços Prisionais (DGSP), só nos últimos dois meses registaram-se nove casos de incêndios em celas.
Três ocorreram no Estabelecimento Prisional de Leiria (ex--Prisão Escola) e os restantes nas cadeias de Custóias, no Porto, e Linhó, em Sintra.
Além dos danos materiais nas celas e nos pavilhões, as chamas provocaram sete feridos – um guarda prisional e seis reclusos.
'As direcções parecem ter medo de aplicar castigos e a indisciplina é cada vez maior. Devem estar à espera que aconteça uma tragédia para agir', lamentou-se ao CM um guarda prisional.
MEDICAMENTOS TAMBÉM SÃO TRAFICADOS
Apesar da criação do Plano Integrado de Prevenção e Combate à Entrada e Circulação de Estupefacientes e Bens Ilícitos nas Prisões, a droga continua a ser transaccionada e consumida nas cadeias. É, aliás, um dos principais focos de tensão entre os reclusos. Sejam drogas leves, pesadas ou medicamentos, tudo serve para alimentar o vício a quem está dependente. Os problemas surgem quando as dívidas se acumulam e os consumidores não têm dinheiro para as liquidar. Os vendedores começam a pressionar, o perigo de um acto de vingança torna-se real e, em desespero, os devedores lançam fogo às celas para forçar uma transferência. Se o conseguirem, podem ver-se livres dos potenciais agressores e até do pagamento das importâncias exigidas. Nem que seja só por algum tempo.
FALTAM PLANOS DE EMERGÊNCIA
A falta de planos de emergência nas cadeias tem sido denunciada pelo Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) e ganha especial importância com esta série de incêndios ocorridos nos últimos dois meses. Até agora, todos os casos foram sanados 'pelo pessoal de vigilância, com recurso a meios próprios do estabelecimento', de acordo com a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais. Mas a preocupação entre os profissionais ao serviço nas cadeias é grande: 'Por vezes está só um guarda na ala e tem de abrir as celas a todos os reclusos, o que levanta sérios perigos em termos de segurança.'
PORMENORES
CUSTÓIAS
O facto de estar numa ala disciplinar não impediu um recluso da cadeia de Custóias de lançar o fogo à cama, em Agosto. Um guarda e dois reclusos ficaram feridos.
LEIRIA
No último fim-de-semana de Agosto três reclusos provocaram fogo nas celas no Estabelecimento Prisional de Leiria. Um dos presos sofreu queimaduras de segundo grau.
JUSTIFICAÇÕES
Para escaparem a eventuais sanções, os incendiários alegam que os fogos são acidentais ou 'chamadas de atenção', refere a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais.
E é assim com o trafico facilitado por parte de quem gere uma prisão, que alguem se vai enchendo de dinheiro e outros vão morrendo .Por aqui se pode verificar o quanto os reclusos se estão a preparar para uma futura reinserção na sociedade.Nada como aprender la dentro o que ainda não sabiam ca fora.
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